Em 2012, verifica-se, na generalidade dos países, que os scores médios nos três domínios estão muito próximos. Portugal apresenta a maior proximidade, sendo que a média registada em cada um dos domínios foi muito semelhante. A Finlândia é o país onde se registou uma maior discrepância favorável às Ciências. Na Irlanda, só os resultados a Matemática ficaram um pouco mais baixos, ainda assim em cima dos 500 pontos na escala PISA. É ainda de assinalar que a República Checa ultrapassa os 500 pontos em Ciências, ficando abaixo desta fasquia nos restantes domínios, embora por poucos pontos.
A nível individual, a diferença de resultados entre os vários domínios é ainda mais difusa. Este facto significa que um aluno com bom desempenho a Matemática tem também bom desempenho a Leitura e a Ciências, sendo que o coeficiente de correlação é sempre na ordem dos 0,9, considerado muito elevado. Outro fator a assinalar é que esta correlação é semelhante para todos os países.
Em 2012, em todos os países considerados, as raparigas apresentam um desempenho médio a Leitura muito superior ao dos rapazes. De destacar que é apenas na Irlanda que o score médio dos rapazes supera os 500 pontos na escala PISA. As raparigas ultrapassam esta fasquia em todos os países no que respeita à Leitura. A Finlândia é o país que denota uma diferença mais acentuada, cerca de 60 pontos. Em Portugal, esta diferença é também muito clara, sendo que a média dos rapazes a Leitura é muito baixa (468 pontos), registando-se apenas piores desempenhos a Leitura nos rapazes suecos.
Já no que respeita a Matemática, há uma ligeira tendência para que os scores médios sejam favoráveis aos rapazes, mas esta tendência não se alastra a todos os países. Na Suécia e na Finlândia, os resultados a Matemática são similares nos dois sexos. De registar que a maior diferença observou-se no Luxemburgo com 25 pontos favoráveis aos rapazes. Já nas Ciências, o panorama é mais equilibrado, sendo que a maior parte dos países regista igualdade de desempenhos entre sexos. Apenas a Finlândia apresenta um resultado favorável às raparigas, mais 16 pontos.
Neste gráfico, quando o desempenho, num certo país e domínio, de rapazes e raparigas é igual, observamos o símbolo sobre a linha reta na diagonal. Por exemplo, em Ciências, Portugal regista a mesma pontuação média para rapazes e raparigas (489). Quando os símbolos estão acima da diagonal, significa que os rapazes têm um desempenho médio superior. Inversamente, quando estão abaixo da diagonal, são as raparigas que apresentam melhor desempenho. Por exemplo, no Luxemburgo a Matemática os rapazes têm um desempenho de 502 e as raparigas de 477. Já em Leitura na Suécia os rapazes têm uma média de 458 e as raparigas de 509.
Ao comparar os alunos que frequentam o 9º ano por já terem chumbado um ano com os seus colegas que também estão no 9º ano mas nunca chumbaram, verifica-se que, em quase todos os países, os alunos que já chumbaram têm sempre piores desempenhos em todos os domínios avaliados. Portugal e Finlândia são os dois países em que este desfasamento é mais acentuado, chegando a atingir mais de 75 pontos. Em Portugal, a Matemática é a valência com um maior desnível (64 pontos), embora em Leitura e a Ciências exista também uma diferença considerável (cerca de 50 pontos). De notar, no entanto, que Portugal chumba muito mais alunos do que a Finlândia (34% vs. 4%).
O caso da Holanda assume um interesse especial, no sentido em que os alunos que chumbaram não estão um ano atrasados, dado que o sistema permite que estes alunos continuem o seu percurso entre os colegas da mesma idade. Apenas 4% dos seus alunos estão no 9º ano, sendo que a percentagem de chumbos é de cerca de 28%. O Luxemburgo adota uma prática semelhante, embora em menor escala. Em relação aos diferentes domínios, os cenários são sempre muito semelhantes. Os alunos continuam com dificuldades em todas as áreas, logo chumbar não parece contribuir para que os alunos melhorem as suas aprendizagens em nenhuma das literacias avaliadas.
Em 2012, o país onde a perseverança mais se associa a melhores resultados é a Finlândia, especialmente na Matemática. Na Holanda, esta característica parece ser pouco relevante e a sua relação com os resultados é muito baixa em todos os domínios. No entanto, na generalidade dos países, a perseverança tende a ser mais importante para os bons resultados a Matemática, sendo que os alunos que declaram não desistir tendem a ter melhores resultados. Em Portugal, a perseverança revela-se um atributo importante (r=0,3), mas não se diferencia entre disciplinas. Os alunos que são bem-sucedidos tendem a possuir esta característica.
Em relação ao número de horas de trabalho fora da escola (que reúne TPC, explicações dentro e fora da escola, trabalho com os pais e trabalhos de pesquisa), existe uma grande dispersão entre países, mas também entre níveis de alunos. Assim, na Finlândia é onde os alunos são expostos a menor quantidade de trabalho após o horário escolar, sendo, no entanto, os alunos ‘mais fracos’ a quem é exigido um pouco mais de esforço. Do mesmo modo, a República Checa, a Dinamarca, a Suécia e a Polónia tendem a exigir mais trabalho extra aos alunos com piores scores. Nos restantes países, entre os quais Portugal, são os melhores alunos que mais trabalham fora do horário escolar.
Em Portugal, os alunos ‘muito bons’ trabalham cerca de 3 horas semanais a mais, a maior diferença entre os países observados. Os alunos ‘muito bons’ a Matemática tendem a trabalhar o mesmo número de horas que os ‘muito bons’ a Leitura e a Ciências, até porque são com frequência os mesmos indivíduos.
Em 2012, ao compararmos a melhor pontuação média por escola, concluímos que 70% das escolas portuguesas têm pelo menos um domínio onde apresentam um score acima de 500.
Quando organizamos as escolas por ESCS, verificamos que todas as escolas inseridas em meios sociais muito favorecidos têm, pelo menos, um domínio com desempenho médio acima de 500. No entanto, o que é realmente de destacar é que 59% das escolas inseridas em meios muito desfavorecidos (-1 < ESCS < -0,5) e 77% das escolas localizadas em meios sociais de nível moderado (-0,5<ESCS<0) conseguem ultrapassar este valor de referência em pelo menos um dos domínios.
Matemática é o domínio onde menos escolas obtêm o seu melhor resultado (29%), sendo a Leitura que ocupa o primeiro lugar, com 37% das escolas a registar maior competência dos seus alunos neste domínio.