Na maioria dos países em análise, entre 2003 e 2012, as respostas dos alunos mostram uma diminuição da indisciplina em sala de aula. As grandes exceções são a Finlândia, a França, a Holanda e a Suécia, onde se verifica uma tendência para o agravamento destes problemas, registando-se simultaneamente uma descida dos scores PISA Matemática. Por sua vez, em Portugal e na Polónia, as respostas dos alunos indicam uma redução da indisciplina, concomitante com a melhoria dos resultados PISA, entre 2003 e 2012.
Ao contrário da perceção dos alunos, em 2012, 54% dos diretores portugueses consideraram a indisciplina prejudicial à aprendizagem, revelando assim um grande aumento em relação a 2003 (35%). Apenas a Finlândia regista uma evolução semelhante a Portugal; enquanto em todos os outros países há menos diretores a reportar este problema. Tendência semelhante se observa para as faltas de respeito, embora de forma menos acentuada. Na República Checa, Polónia e Espanha é onde, em 2012, existe maior convergência entre a visão dos alunos e a dos diretores. Já em França, há um acentuado grau de desfasamento de opiniões, sendo que os alunos consideram existir mais indisciplina.
Em 2012, no conjunto dos vários países, a maioria dos alunos é da opinião de que os professores os ajudam. Portugal e Finlândia lideram a satisfação com a ajuda prestada pelo corpo docente (83% e 85%, respetivamente). Espanha, França e Luxemburgo são os países onde menos alunos sentem ter esse apoio. Todavia, cerca de 65% consideram que os professores os ajudam. Por outro lado, os diretores tendem a exprimir uma opinião ainda mais favorável, à exceção da Holanda, onde 71% declaram que os professores não ajudam suficientemente os alunos. É também neste país que se verifica uma maior discrepância entre a opinião dos alunos e a dos diretores.
A nível agregado, verifica-se também uma correlação entre existir um bom relacionamento com os professores e os alunos sentirem-se felizes na escola. Em 2012, os alunos portugueses foram os que mais consideraram ter um bom relacionamento com os professores (86%) e cerca de 25 % sentiam-se felizes na escola.
É curioso verificar que, na Finlândia, embora os alunos considerem ter apoio dos professores (85%), poucos são os que dizem estar felizes na escola (10%) ou que dizem ter um bom relacionamento com os docentes (43%). Por outro lado, a Polónia e a Holanda são os países onde menos alunos consideravam existir um bom relacionamento com os professores (apenas 35%) e os alunos espanhóis são os que mais se consideravam felizes na escola (cerca de 35%).
Em 2012, os alunos mais felizes são os que têm, em média, os melhores resultados em PISA Matemática, sugerindo uma correlação entre boas aprendizagens e alunos felizes na escola. Exceção para a Polónia onde a diferença nos scores é insignificante.
Em Portugal, a diferença de resultados entre alunos felizes e infelizes é na ordem dos 30 pontos, uma das maiores entre os países considerados. Na Polónia, Finlândia e República Checa registam-se mais de 30% de alunos infelizes na escola, apesar de os seus resultados médios a matemática serem elevados (518, 519 e 499, respetivamente). Espanha, Portugal, Dinamarca e Suécia são os países onde menos alunos dizem estar infelizes na escola, embora ainda se observem entre 13% e 15% de alunos infelizes.
Outros estudos sobre o bem-estar dos alunos na escola têm sido desenvolvidos por especialistas de diversas áreas, como da área da saúde.
De notar que, no que reporta a questões comportamentais, o problema estende-se a práticas clínicas, sendo que Portugal é um dos países com maior nível de prescrição de calmantes e ansiolíticos para crianças entre os 2 e os 19 anos. Dados recentes apontam para o consumo de mais de 5 milhões de doses de um dos calmantes mais utilizados no tratamento da hiperactividade em crianças e jovens. O fenómeno da prescrição de calmantes a crianças duplicou em 5 anos (Saúde Mental em Números 2014 e 2015, Direção Geral de Saúde).
Há uma maior prevalência de alunos infelizes em escolas onde tanto o Estatuto Socioeconómico e Cultural (ESCS) como os scores PISA Matemática são baixos. Em 50% das escolas inseridas em meios desfavorecidos e com piores resultados, há mais de 15% de alunos infelizes. Das escolas com resultados melhores, mas ESCS igualmente baixo, apenas 35% têm mais de 15% de alunos infelizes. Este padrão observa-se em apenas 25% das escolas cujo meio é mais favorável e os resultados são melhores.
– A área dos círculos representa a percentagem de alunos infelizes por escola.
– Foram analisadas apenas as escolas que têm conjuntamente 3ª ciclo do ensino básico e secundário, em virtude do desenho da amostra: alunos de 15 anos que estão pelo menos no 3º ciclo do ensino básico. Estes são os casos em que, com maior rigor, se consegue medir a influência da escola no percurso escolar dos alunos, dado que é provável que frequentem o mesmo estabelecimento de ensino desde o 7º ano de escolaridade.
– Escolas de resultados “Acima do esperado” – Escolas cujos resultados médios são acima de 500 e o ESCS é inferior à média da OCDE
– Escolas de resultados “Esperado negativo” – Escolas cujos resultados médios são abaixo de 500 e o ESCS é inferior à média da OCDE
– Escolas de resultados “Esperado positivo” – Escolas cujos resultados médios são acima de 500 e o ESCS é superior à média da OCDE
Um estudo recente sobre adolescência, organizado pela Health Behaviour in School-aged Children (HBSC ) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conclui que 73% dos adolescentes portugueses afirmam gostar da escola sendo que apenas 14% das raparigas e 11% dos rapazes reconheceram gostar muito da escola. O que menos gostam é da comida da cantina, seguido das aulas. A relação com colegas e professores é boa, embora cerca de 37% sintam alguma ou muita pressão com os trabalhos de casa.
Os diretores das escolas onde o ESCS é mais baixo e os resultados são também baixos (466) reportam maiores preocupações com o ambiente da escola. Preocupações com muita indisciplina ocorrem em 20% destas escolas e 11% consideram a falta de respeito um impedimento às aprendizagens. De notar que mais de 14% destes diretores referem o consumo de drogas (8% algum e 6% muito). O relacionamento entre professores e alunos não é fácil, 10% reconhecem-no, e a percentagem de alunos que veem as suas necessidades não satisfeitas é também o mais alto das escolas com diferentes expetativas de resultados (25%).
No polo oposto, situam-se as escolas inseridas em meios mais favorecidos, onde os desempenhos são elevados (543). Apenas 26% destas escolas indicam a existência de indisciplina a níveis moderados e 7% referem-se a alguma falta de respeito. Finalmente, as escolas inseridas em meios desfavoráveis, mas com bons resultados (517), indicam a indisciplina moderada como maior problema (50%). O consumo de drogas (5%) e a agressividade entre alunos (3%) aparentam estar controlados nestas escolas.