Apresentação

Apresentação

 

O senso comum em educação ganhou larga expressão nas últimas décadas. A progressiva mediatização dos problemas do sistema de ensino tem conduzido à consagração de adquiridos sobre a educação que nem sempre se sustentam em evidência científica.

O projeto de investigação, aQeduto: Avaliação, qualidade e equidade em educação, tem como propósito construir um corpo de referenciais sobre avaliação, qualidade e equidade em educação, baseado em investigação comparada a partir das bases de dados dos alunos portugueses que participaram nos sucessivos ciclos de testes PISA (2000, 2003, 2006, 2009, 2012) e visa explicar a variação dos resultados dos alunos portugueses nos testes PISA, nomeadamente os fatores responsáveis pela evolução positiva verificada em Portugal ao longo dos doze anos, tendo em conta três eixos fundamentais:

  • os alunos (alterações na condição social, económica, cultural, comportamental e motivacional dos alunos e das famílias);
  • as escolas (mudanças na organização escolar);
  • e o país (variações nas condições económicas a nível macro do país).

Este projeto tem como principal objetivo municiar a opinião pública com informação credível e sustentada sobre o desempenho dos alunos portugueses, através de uma linguagem acessível, mas sem desvalorizar o rigor científico. Neste contexto, entre dezembro de 2015 e outubro de 2016 será publicado mensalmente um folheto sobre o impacto nos resultados dos alunos de diferentes variáveis (retenção, ambiente familiar, o papel da escola, ensino privado e público, entre outras). Para a apresentação e debate de cada um dos onze folhetos será organizado um Fórum que contará com convidados especialistas na área. Em cada folheto procurar-se-à dar resposta a uma questão sobre o desempenho dos alunos portugueses:

Será que os resultados obtidos pelos alunos portugueses são melhores do que o nível de desenvolvimento económico do país?

Qual o efeito da retenção no desempenho dos alunos portugueses? Será que os torna melhores?

Qual o impacto da família no desempenho escolar dos alunos portugueses?

Qual o impacto do ambiente e organização escolares nos desempenhos?

Será que os alunos portugueses são mais proficientes em leitura e menos em matemática?

A frequência da educação pré-escolar é um bom preditor do sucesso?

Os alunos que frequentam o ensino privado têm maiores probabilidades de sucesso?

Qual o papel das expetativas no sucesso escolar?

Afinal, porque melhoraram os resultados nos testes PISA realizados pelos alunos portugueses?

A resposta às várias questões, assim como os dados que as sustentam, serão publicados e divulgados no site e página de Facebook do projeto aQeduto, do Conselho Nacional de Educação e da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Mensalmente cada questão e respetivo estudo serão publicados na Visão Online.  

Pelas suas características, o projeto aQeduto está em consonância  com a missão quer do Conselho Nacional de Educação, quer da Fundação Francisco Manuel dos Santos, sendo patrocinado por uma parceria entre estas duas organizações de referência da sociedade portuguesa.

Equipa de Investigação

 

A equipa do aQeduto é uma equipa multidisciplinar, composta por investigadores provenientes de diferentes áreas científicas, congregando especialistas em política educativa, avaliação, comparabilidade, racionalidade económica, comunicação e estatística/análise de dados.

Ana Sousa Ferreira

Licenciada em Matemática Aplicada (FC-ULisboa), Doutorada em Matemática na especialidade de Estatística (FCT-UNL). ). É Professora Auxiliar como nomeação definitiva da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e investigadora na Business Research Unity (UNIDE –IUl). O seu domínio privilegiado de investigação é a Análise de Dados Multivariados, com particular foco na área da Classificação Supervisionada. Foi NPM (National Project Manager) do PISA-OCDE e NRC (National Research Coordinator) do TIMSS e do PIRLS (2012 e 2013).

Antonieta Lima Ferreira

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (FL-ULisboa), Mestre em Avaliação Educacional (IE-ULisboa), professora da ES Rainha Dona Amélia e assessora do Conselho Nacional de Educação. Foi Diretora de Serviços de Exames do GAVE (2010-2013) e coordenadora de provas de exame nacionais e de testes intermédios (2008-2010).

David Justino

Licenciado em Economia e Doutorado em Sociologia, é professor associado com agregação em Sociologia (FCSH – UNL) e leciona nos cursos de sociologia e ciências da educação. É investigador do CESNOVA – Centro de Estudos de Sociologia da NOVA, onde coordena os estudos de educação. Foi Ministro da Educação do XV Governo Constitucional (2002-2004), é Presidente do Conselho Nacional de Educação.

Isabel Flores

Licenciada (UNL) e Mestre (University of Reading) em Economia. Pós graduada em Análise de Dados em Ciências Sociais (ISCTE-IUL). Doutoranda em Política Pública (ISCTE). Nos últimos anos tem-se dedicado ao estudo e manipulação dos dados PISA.

Rui Santos

Licenciado em História (FL-UL) e Doutorado em Sociologia (FCSH-UNL), é professor Associado com Agregação em Sociologia e atualmente Coordenador Executivo do Departamento de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa. Como investigador do CESNOVA coordena os projetos ESCXEL – Rede de Escolas de Excelência e ATLAS DA EDUCAÇÃO – Contextos Sociais e Locais do Sucesso e do Insucesso.

Teresa Casas-Novas

Licenciada em Tradução e Mestre em Educação Internacional e Desenvolvimento, foi Coordenadora Pedagógica em Lisboa e Assistente Executiva do Diretor Regional da UNICEF WCARO em Dacar. Desempenha atualmente funções de assessoria na área da comunicação e de assessoria técnico-científica no Conselho Nacional de Educação.

Metodologia de Partida

 

Para atingir os seus objetivos, o projeto aQeduto realizará sistematicamente investigação comparada entre os resultados dos alunos portugueses que participaram nos sucessivos ciclos de testes PISA e os resultados de alunos de outros países participantes neste estudo internacional.

De forma a reduzir o número de países sob análise, tornando os gráficos de mais fácil leitura e as interpretações do posicionamento de Portugal face aos seus pares na Europa mais evidentes, procedeu-se a um estudo  de agrupamento de países.  Para proceder ao método de análise classificatória¹ ou de agrupamentos selecionaram-se diversas variáveis que refletem características estruturantes dos países face aos resultados em educação.

Utilizaram-se variáveis em que as três vertentes do estudo aqEDUto se encontrassem refletidas. Deste modo, as variáveis que permitiram agrupar os países foram: (i) o PIB per capita médio de cada país (que permite posicionar os países quanto à sua produção de riqueza e também relativamente ao nível de vida das famílias); (ii) o nível de desempenho em Matemática no PISA 2012 (que permite a comparação do nível de conhecimento alcançado pelos alunos de 15 anos); (iii) o nível económico, social e cultural dos alunos (medido pelo indicador ESCS e a formação dos pais, medida através do índice PARED; e finalmente (iv) a percentagem de alunos de 15 anos com pelo menos um ano de repetência (REPEAT).

Na sequência desta análise, foi possível encontrar sete grupos, em que os países revelam semelhanças no comportamento das variáveis descritas. A estratégia prosseguida foi a de utilizar um representante de cada grupo (exceção para o grupo que integra a Polónia, grupo para o qual este país foi adicionalmente selecionado por se tratar de um caso de sucesso exemplar), bem como todos os países que se posicionaram no mesmo grupo de Portugal:

grupo países

¹ Modelo de Análise Classificatória Hierárquica Ascendente (quadrado da distância Euclidiana e critério de agregação de Ward).